Município catarinense reduziu as filas para atendimento em nove especialidades médicas utilizando a Teleconsultoria

Balneário Camboriú (SC) diminuiu as filas e o tempo de espera para atendimento de usuários do SUS nas nove especialidades médicas em que implementou o serviço de Teleconsultoria para qualificar o encaminhamento. O trabalho que vem sendo feito em parceria com o Telessaúde UFSC foi reconhecido e premiado com o primeiro lugar entre 535 experiências na 18ª Mostra Brasil, aqui tem SUS, promovida no XXXVII Congresso do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), que aconteceu entre os dias 15 e 19 de julho deste ano em Goiânia (GO).

Com o título “Teleconsultoria em Balneário Camboriú: qualificando a ferramenta de referência e contrarreferência”, o trabalho apresentou os resultados alcançados no município a partir da implementação da Teleconsultoria como etapa prévia ao encaminhamento dos pacientes da APS para o nível especializado. O fluxo mais antigo é o de dermatologia, iniciado em 2017. Na época, a demanda reprimida era de 2.200 pacientes aguardando atendimento com o especialista, que resultava numa fila de espera de 24 meses. Hoje, a fila tem 220 pacientes e o tempo de espera para consulta é de 3 meses. Outro exemplo ainda mais impactante é a reumatologia, que, a partir do fluxo implantado em 2019, reduziu a fila de 895 pacientes para 15, e o tempo de espera saiu de 11 meses para 5 dias. 

Confira na tabela abaixo os resultados alcançados após a implementação da Teleconsultoria no processo de encaminhamento dos casos da APS para a atenção especializada:

Victor Moreira de Moraes Lopes, autor do trabalho apresentado no Conasems, relata que Balneário Camboriú tinha demandas reprimidas para atendimento em algumas especialidades que chegavam a ultrapassar um ano de espera. “Nós precisávamos de uma ferramenta para que os médicos que atuam na APS pudessem fazer os encaminhamentos de forma mais qualificada, mantendo o paciente leve [sem riscos, em relação à classificação de risco] na APS”, explica. A Teleconsultoria do Telessaúde UFSC foi a ferramenta encontrada, pois permite a qualificação do encaminhamento ao estabelecer a discussão prévia do caso entre o médico da APS e o especialista. “A ferramenta propiciou muitos ganhos para a rede [de saúde], principalmente na diminuição da demanda reprimida e na instrumentalização dos médicos da APS”, complementa. 

O serviço de Teleconsultoria é ofertado pelo Telessaúde UFSC e está disponível a todos os municípios catarinenses desde 2011. Em parceria com as secretarias municipais e estadual de saúde em Santa Catarina, a Teleconsultoria oferta o Apoio à Regulação Regional, que consiste na estruturação de fluxos de encaminhamento entre a APS e o nível especializado de atenção. Cristina Calvo, coordenadora do Núcleo Telessaúde UFSC, diz que essa foi uma estratégia “abraçada pelos municípios e pelo Estado nas suas centrais de regulação, pois qualifica a APS e a média complexidade”.

Os fluxos de encaminhamento são pactuados de acordo com o interesse ou a necessidade local para resolver demandas reprimidas, como é o caso das filas de espera para consulta em alguma especialidade médica. A Teleconsultoria é incorporada como etapa prévia ao encaminhamento do paciente e funciona como um “tira dúvida” entre o profissional da APS e o especialista. O médico assistente da APS recebe o paciente e, quando identifica a possível necessidade de encaminhamento, abre um pedido de teleconsultoria via sistema on-line. De forma remota, o médico especialista recebe a dúvida, realiza a avaliação do caso e sugere medidas, que podem ou não confirmar a necessidade do encaminhamento. Com isso, alguns casos, cerca de 40%, são devolvidos para os cuidados do profissional da APS juntamente com as orientações de como manejá-lo e acompanhá-lo com segurança. Nos casos em que se confirma a necessidade de encaminhamento, o médico da APS é orientado a acompanhar e preparar o paciente para a consulta com o especialista, adiantando, por exemplo, a solicitação de exames. “A gente melhorou muito o acesso desse paciente. Ele já chega na primeira consulta [com o especialista] com os exames e os resultados em mãos. Então, a gente otimiza o trabalho do profissional especialista para atender e resolver de forma mais rápida as demandas do paciente”, explica Victor. 

O Telessaúde UFSC também oferece o sistema on-line (STT) onde o serviço está disponível e capacita os profissionais dos municípios que atuarão como teleconsultores. Além disso, faz acompanhamento para garantir a qualidade e o uso correto da ferramenta e dos serviços. Em 2022, 36.981 teleconsultorias de intenção de encaminhamento foram respondidas, entre fluxos municipais e estaduais. Até 31 de maio de 2023, o serviço já havia respondido 18.125 teleconsultorias.