(A série Telessaúde Responde divulga as perguntas enviadas pelos profissionais de saúde e respondidas pelo serviço de Segunda Opinião Formativa do Telessaúde SC. Acesse mais perguntas aqui)

As práticas corporais mais relatadas nos documentos publicados pelo Ministério da Saúde que podem ser realizadas em grupos de idosos da atenção básica/atenção primária à saúde (AB/APS) são: caminhada, danças, e yoga1,3,4. As práticas corporais oriundas da medicina tradicional chinesa que visam trazer equilíbrio entre corpo e mente também têm sido bastante exploradas, dentre elas destaca-se: lian gong, chi gong, e tai-chi-chuan2,3,4,5.

A atividade física regular atua na redução do risco de morte por doenças cardiovasculares, risco de progressão do Diabetes tipo II e da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, além de atuar na manutenção da capacidade funcional do idoso1. Os benefícios dessas práticas favorecem os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentre eles destaca-se: preservação da independência; redução da ansiedade e do estresse, melhora do estado de humor e da autoestima e, amplia o contato social, entre outros1.

Não está claro ainda qual o melhor tipo e nível de prática corporal ou de atividade física, uma vez que essas variam em diferentes estudos e não há consenso sobre aquela que traria maior benefício ao idoso. As atividades devem ser prazerosas de intensidade moderada, baixo impacto, curto tempo (30 à 45min) três a quatro vezes por semana1.

É recomendável que a escolha das práticas corporais ofertadas na AB/APS seja compatível com aquelas de maior interesse da população, que o horário seja pactuado entre equipe e usuários. As mesmas devem ocorrer de forma direcionada objetivando a promoção da saúde e prevenção do agravo de doenças crônicas prevalentes na população1. O melhor local para a realização das atividades é relativo e dependente da estrutura física disponível em cada município, incentiva-se a integração das práticas dentro dos polos de academia da saúde, ginásio de esportes, centro comunitário entre outros.

É importante que a equipe realize uma avaliação das comorbidades de modo a adequar os interesses dos idosos com as potencialidades e limitações de cada prática corporal. Por exemplo: Se os idosos da comunidade possuírem boa capacidade funcional, entretanto baixa autoestima e interação social pode-se sugerir práticas corporais mais lúdicas e ativas como os grupos de danças, teatro, e/ou caminhada, que irão melhorar o equilíbrio4, coordenação motora, e a reinserção na comunidade. No caso dos idosos que possuam dificuldade de contato corporal com outros participantes pode-se pensar na realização de caminhadas associadas a práticas corporais oriundas da Medicina Tradicional chinesa que contribuam com equilíbrio entre corpo e mente.

O incentivo dessas práticas na Unidade de Saúde além de trazer os benefícios citados de prevenção e promoção da saúde aos usuários favorece a interdisciplinaridade e a troca de saberes especialmente entre os profissionais da AB/APS, NASF e profissionais que trabalhem nas academias de saúde.

 

Bibliografia Selecionada

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica – Envelhecimento e saúde da pessoa idosa (Caderno de Atenção Básica n. 19)[recurso eletrônico]. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcad19.pdf acesso em 06 setembro 2016.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – Atitude e ampliação do acesso.Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnpic.pdf acesso em 06 setembro 2016.
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica – Estratégia para o cuidado da pessoa com doença crônica (Caderno de Atenção Básica n. 35) [recurso eletrônico]. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica_cab35.pdf acesso em 06 setembro 2016.
  4. HOWE TE, et al. Exercise for improving balance in older people. The Cochrane Library, 2011.Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD004963.pub3/full Acesso em: 24/10/2016.
  5. NGUYEN MH, KRUSE A. A randomized controlled trial of Tai chi for balance, sleep quality and cognitive performance in elderly Vietnamese. Clinical interventions in aging, v. 7, p. 185, 2012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3396052/ Acesso em 24/10/2016.

 


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